Ouvi hoje com estupefacto a intervenção da deputada Ana Drago na Assembleia da República.
É claro, e ainda bem, que o Estado Português seja um Estado laico, com tratamento igual perante qualquer Religião, Confissão Religiosa e afins. No entanto também não se pode negar o facto que a maioria da população portuguesa se declara ser católica. Deste modo não entendo a atitude tomada pelo Bloco de Esquerda. Como é que um partido pode querer representar a maioria, bem como as minorias da sociedade portuguesa, se nem neste assunto é capaz de mostrar clarividência da situação real do País? Será que o discurso da deputada Ana Drago foi apenas um impulso de mostrar irreverência juvenil e "ser diferente" perante a quase unanimidade dos restantes partidos?
Certo que não se deve levantar ninguém aos seus e muito menos sem a distância temporal, que permite tomar um balanço mais realista sobre as atitudes tomadas durante este pontificado. No entanto também não se deve desrespeitar a memória de quem já é incapaz de defender a sua honra e iniciar uma campanha de mesquinhês sobre a utilização de uma ou outra expressão no discurso, que no fundo não terá grande relevância para o futuro deste país. Implicar com a expressão "Sua Santidade" é quase como querer implicar com a expressão "Sua Alteza Real". É uma terminologia protocolar utilizada quando é referida o detentor de um determinado cargo. Assim utiliza-se "Sua Santidade" para qualquer Papa (indiferente ele ser ou ter sido progressita ou conservador), "Sua Alteza Real" para Reis e Rainhas e a expressão "Sua Excelência" para Presidentes, mesmo do estado mais republicano imaginável. Certamente a deputada Ana Drago não gostaria ser tratada na Assembleia da República inferior aos restantes deputados/deputadas.
Resta-me apenas tira a seguinte conclusão: Portugal tem problemas graves, diria mesmo gravissimos. deste modo entendo que o Bloco de Esquerda dirija as suas energias e a sua creatividade de discurso para os problemas que realmente interessam o País e deixem de pseudo-utopias de um estado perfeitamente laico.
Uma nação é constituida pela sua população, que possui uma herança histórica que a condiciona, mas que a também torna única no mundo. Negar as suas raízes, quaisquer que sejam, seria apagar o passado, eliminar a sua identidade. Deste modo não se pode negar as raizes cristãs de Portugal, negar-las em prol de um laicismo completo seria negar a sua população.
Eu desejo deputados que representam todos habitantes de Portugal e não negam uma maioria em favor de querer ser defensor de apenas uma minoria.