sexta-feira, 17 de março de 2006

Banalidades

Bem, entendi que hoje é novamente tempo para actualizar o meu blog e lançar uma nova blogo-homilía semanal. Hoje não vou falar nem de politica, nem de OPA's e contra-Opa's e contra-contra OPA's, mas de algo mais próximo da vida real de um mero mortal, não-pertencente a qualquer quadro administrativo de uma grande empresa.
Certamente aqueles, que já tiveram a feliz ocasião de contactar com pessoas de outras nações, ou que pelo menos nasceram e viveram num país diferente do nosso (incluindo eu), repararam no facto, que existem modos completamente diferentes de lidar com situações banais do quotidiano. Essa diferença de reacção cristaliza-se especialmente aquando eles ou elas nos recontam o que fizeram durante o dia.
Assim um alemão, que acaba de escapar a queda de um meteorito sobre a sua cabeça (acontecimento com uma probabilidade quase nula), é capaz de responder: "Nada de especial" e apenas quando questionado mais profundamente, é que contará mais alguns pequenos detalhes, mas de uma forma tão enfadonha, que logo logo perdemos qualquer interesse no conteúdo da sua conversa.
Numa situação diagonalmente oposta, encontra-se o estilo dos americanos, ou melhor das americanas, de relatar uma passagem da sua vida. Mesmo a banalidade de ir comprar um jornal ao quiosque, pode transformar a narração do dito "american" num filme de suspense, na qual nos apenas falta um balde XXL de pipocas com a respectiva Coke, tão agarrados estaremos. Aliás é esse o segredo, que consegue transformar séries como "Allie McBeal" (uma pseudo-advogada anoréxica e narcoléptica que por cima tem o hábito de frequentar casas de banho colectivas e não separadas por sexos) ou "Sex and the City" (4 amigas de classe média alta, prestes tornarem-se pré-"tias", que contam a suas fantasias sexuais antes que lhes chegue a menopausa ou tenham dormido com todos individuos masculinos heterosexuais de Manhattan).
E nós, portugueses, sofrendo da nossa posição periférica na Europa, como o nosso país se encontrasse à mesma longitude como a Groenelândia, como somos nós? Na minha modesta opinião, não estamos apenas geograficamente a meio do caminho (mais ou menos) entre a Alemanha e os States, como também nessa questão de lidar com a realidade, encontramos-nos a meio termo. Não somos tão exagerados como os americanos, mas também não tão racionalmente modestos como os nossos amigos germanicos. Eu diria que o/a português/a tem a tendência de tornar o acontecimento numa experiência colectiva, muitas vezes divertida e motivo para reforçar os laços de amizade. Expressões como "nós até pensamos" ou "depois fomos", visam reforçar a colectividade da situação. É também frequente observar o apoio da parte narrativa por meio de expressões faciais ou mesmo gestos de mãos, de modo a tornar o acontecido ainda mais vivo para a presente audiência.
Calro, que nem todos concordarão com a minha opinião, mas estarei grato por qualquer sugestão ou comentário, de modo que também eu possa alargar o meu horizonte.

1 comentário:

Anónimo disse...

que delicia.... é mm bom ler o teu blog e descobrir que ha mais vida além escola depois de uma manha no inferno cinzento da FEUP...

 
Who links to me?